Atendente de telemarketing é indiciado por morte de jovens em buraco em Camaragibe.

Diego Henrique de Figueiredo Lapa é acusado de duplo homicídio culposo e vai responder ao inquérito em liberdade.

A Polícia Civil divulgou, na manhã desta sexta-feira (28), o resultado do inquérito sobre a morte de duas jovens em um buraco aberto pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. O atendente de telemarketing Diego Henrique de Figueiredo Lapa, 24 anos, foi indiciado por duplo homicídio culposo, aquele sem intenção de matar. Ele é funcionário da empresa Datamétrica, contratada pela Compesa há cerca de um ano para fazer o atendimento dos consumidores. De acordo com o delegado Roberto Geraldo (foto 1), responsável pelo inquérito, Diego Henrique não teria repassado à Compesa a informação recebida de moradores de que um cano havia estourado, obra considerada urgente. O acusado vai responder ao inquérito em liberdade. A Compesa não será responsabilizada porque não conhecia a gravidade do problema. Na gravação, a conversa entre o atendente de telemarketing e o morador identificado como Fernando foi registrada 12h54 do dia 22 de novembro do ano passado. O morador relata o problema no cano mestre, que é o principal do sistema de distribuição de água da rua. Durante a ligação, o morador informa número de telefone, endereço e recebe o número do protocolo de atendimento. No dia seguinte, quase 24 horas depois da ligação, Jaqueline Barbosa da Silva (foto 3), de 20 anos, e Rubenita Vicente Carvalho da Silva (foto 4), de 17anos, morreram afogadas dentro do buraco aberto pelo vazamento. Testemunhas contaram que elas haviam saído de um jogo de futebol e aproveitaram a água para tomar banho. O buraco que ficava na esquina das ruas Maranguape e Barra de São Miguel, no bairro de Santa Mônica, em Camaragibe, foi tampado pela Compesa no dia seguinte ao acidente. Durante a investigação, o delegado descobriu que o atendente da Datamétrica não repassou a companhia a gravidade do problema. Por isso, o delegado concluiu que a responsabilidade foi do atendente e indiciou Diego Lapa por duplo homicídio culposo - quando não há intenção de matar. “O funcionário negligenciou o dever de cuidar da informação. A gente não tem como aferir se a Compesa chegaria em tempo hábil. Ou seja, a Compesa não tem culpa, pois não foi informada da gravidade do acontecimento”, afirmou o delegado. O advogado da Compesa, Frederico Tavares, disse que a companhia vai avaliar se mantém contrato com a empresa de teleatendimento. “Está prevista a aplicação de advertência, de multa e a quebra de contrato pode acontecer”, falou. REPOSTA Por meio de nota, a Datamétrica informou que, mesmo não tendo sido oficialmente notificada sobre o caso, está com o seu departamento jurídico fazendo o levantamento das informações e orientado a prestar todo o suporte necessário ao seu colaborador. "Em princípio, a empresa entende que não houve nenhuma falha de atendimento que possa ter contribuído com o trágico acidente." Confira o áudio da gravação: Diego: Compesa, Diego, bom dia. Com quem eu falo por favor? Fernando: Bom dia Diego, é Fernando, Diego. É sobre um cano mestre que foi estourado agora. faz uma meia hora. Diego: Seu Fernando eu vou repassar a sua informação para a equipe técnica puder comparecer ao local para executar o serviço. O prazo máximo de atendimento são cinco dias úteis, podendo ser atendido em até 24 horas. Fernando: Mas porque é caso de emergência. Que o cano mestre. É água até umas horas... Diego: Vou solicitar uma certa urgência, porém o prazo de atendimento realmente é esse. Fernando: Tá bom... Diego: A Compesa agradece a sua ligação tenha uma boa tarde.

fonte: http://pe360graus.globo.com/noticias/policia/investigacao/2011/01/28/NWS,528211,8,298,NOTICIAS,766-ATENDENTE-TELEMARKETING-INDICIADO-MORTE-JOVENS-BURACO-CAMARAGIBE.aspx