Muita chuva!

Não foi só a Região Metropolitana do Recife que sofreu com os efeitos das chuvas intensas que castigam o Estado. A força das águas fez transbordar rios e instalou o caos em várias cidades da Zona da Mata e do Agreste. O governador Eduardo Campos vai homologar os decretos de Situação de Emergência de 13 municípios. Na região da Mata Sul as cidades de Amaraji, Catende, Cortês, Escada, Jaqueira, Maraial, Palmares, Ribeirão, Sirinhaém e Vitória serão contempladas, enquanto no Agreste apenas Barra de Guabiraba, Bom Conselho e Correntes figuram na lista. Outros 29 municípios estão em estado de alerta. A relação de municípios foi confeccionada após um levantamento minucioso feito pelas equipes da Codecipe e apresentado ao governador. A Situação de Emergência é caracterizada quando os prejuízos econômicos e sociais constatados em uma determinada área ultrapassam o equivalente a 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e permite ao Estado agir com mais rapidez na prestação de atendimento às vítimas. “Além de decretar Situação de Emergência nestes municípios, estamos enviando 3 mil cestas básicas para as cidades de Ribeirão, Cortês e Barra de Guabiraba, que foram as mais atingidas”, disse o governador, que no início da tarde sobrevoou a Mata Sul para conferir os estragos causados pelas chuvas.De acordo com o último levantamento feito pela Codecipe, existem 4.969 pessoas desabrigadas e outras 5.573 desalojadas. VITÓRIA DE SANTO ANTÃOO prefeito de Vitória de Santo Antão, Elias Lira, decretou situação de emergência na cidade. O canal situado próximo à avenida Mariana Amália, no Centro, transbordou e a água atingiu bancos, lojas, chegando a arrastar alguns veículos, na noite desta quinta-feira (17).Desde as 5h da manhã desta sexta-feira (18), a Ponte do Galucho, que fica na antiga BR-232 e dá acesso à cidade, esteve interditada, encoberta pelas águas do rio Tapacurá, que está acima do nível . A água invadiu ruas e expulsou pelo menos 130 pessoas de casa. A maior parte dos desabrigados foi para o Colégio Pedro Ribeiro: 70 pessoas, de 15 famílias. As aulas no município foram canceladas.A dona de casa Maria Ivan foi com cinco parentes. "Eu fiquei desesperada com meus netos dentro de casa. A gente ainda prendeu umas coisas na parede; o que deu para salvar, salvou, mas o que não deu ficou dentro da água", diz a dona de casa Maria Ivan Pontes.A correnteza do Rio Tapacurá castigou as casas que ficam nas margens. O marcador da Ponte mostrou que o nível do rio desceu um pouco em relação à noite. Por precaução, muitos comerciantes decidiram não abrir as lojas, que chegaram a ficar inundadas durante o temporal. Mesmo quando a água já havia baixado na maior parte da cidade, o Pátio do Forró, um arraial construído para as festas juninas, continuava alagado. A Prefeitura anunciou o cancelamento dos shows neste final de semana. PRIMAVERANa Zona da Mata Sul do Estado, o rio Ipojuca, que corta o Centro do município de Primavera, transbordou e inundou ruas e praças. A força da água provocou alagamentos e destruição. Algumas casas ficaram quase totalmente submersas, apenas com os telhados fora da água. Na cidade fica a Cachoeira do Urubu, que foi palco nesta sexta-feira de um flagrante impressionante. Famílias ficaram isoladas e tiveram que ser retiradas das áreas de risco pelo helicóptero da Secretaria da Defesa Social. AGRESTINAA cidade Agrestina decretou estado de calamidade pública devido aos estragos causados pelas fortes chuvas. De acordo com o secretário de Obras, Marcos Heleno, o rio Mitirosos, que corta o município, subiu seis metros, e a força da água destruiu cerca de 70 casas e deixou as ruas do centro totalmente alagadas.A situação é ainda pior na Zona Rural, que está praticamente toda interditada. Na Vila de Barra do Chapa, a água está prestes a invadir o cemitério local.CORTÊSTambém na Mata Sul do Estado, o rio Sirinhaém invadiu a cidade de Cortês. As pessoas estão deixando as suas casas e procurando os lugares mais altos. Mais de 200 famílias estão desalojadas, segundo o prefeito do município, José Genivaldo dos Santos (Geninho), que decretou estado de calamidade pública.De acordo com o prefeito, o centro da cidade está todo inundado. "Lojas e casas estão alagadas, algumas chegaram a desabar. A chuva levou mercadorias. Na ilha da Saudade, 12 a 15 pessoas estão ilhadas. O Governo do Estado mandou um helicóptero para salvá-las. Nunca vi um desastre parecido aqui", falou.Um homem identificado como José Heleno, de aproximadamente 37 anos, morreu devido a um deslizamento de barreira, na rua Aparador, no centro do município. A chuva também derrubou uma igreja presbiteriana, localizada próximo da avenida Rio Serinhaém. Não há informações de vítimas no local.CARUARU A Defesa Civil de Caruaru está em alerta para as chuvas que caem no município com mais intensidade desde a noite desta quinta (17). Uma equipe está monitorando os riachos, córregos e passagens molhadas de Caruaru, enquanto outra faz o monitoramento das barragens de Pedro de Moura e Bituri, em Belo Jardim.Por causa das chuvas, a Policlínica do Salgado teve seus atendimentos suspensos temporariamente devido a problemas na rede elétrica da unidade. A Secretaria de Saúde municipal já acionou também o Corpo de Bombeiros para verificar a estrutura geral do prédio.Os pacientes que precisarem utilizar os serviços da Policlínica devem se encaminhar para a unidade do Vassoural. A previsão é de que ainda hoje o atendimento na Policlínica do Salgado volte ao normal. O número de prontidão da Defesa Civil é o 3701.1173 ou 1174.ESCADANa manhã desta sexta, o prefeito de Escada, Jandelson Gouveia, decretou estado de emergência na cidade, localizada na Mata Sul do Estado, devido às chuvas que vêm atingindo o município desde o último fim de semana. De acordo com dados da Prefeitura, mais de 1.000 estão desabrigados. Não há registro de mortos ou feridos na cidade.Segundo o balanço parcial dos estragos, a situação é pior do que a enchente que atingiu o município em 2005, deixando grandes prejuízos materiais. A chuva causou alagamentos e pequenos deslizamentos de terra na zona rural e urbana. Os rios Pirapama e Ipojuca estão no limite, correndo risco de transbordamento se ocorrer novas pancadas de chuva.GUABIRABAMoradores estão assustados com a chuva em Barra de Guabiraba, no Agreste do Estado. Eles dizem que várias famílias estão ilhadas dentro das suas casas.GRAVATÁChove bastante desde a noite da última quinta-feira (17) em Gravatá. O Rio Ipojuca subiu, atingindo várias casas. A Prefeitura cancelou a abertura do São João da cidade, que aconteceria na noite desta sexta-feira (19). O município disponibilizou dois caminhões baú, para fazer mudanças, e dois ônibus da Secretaria de Educação. De acordo com a Secretaria de Saúde da cidade, todos os postos, o hospital, a ambulância e o Samu estão de prontidão, caso haja necessidade."A situação não é boa. Voltou a chover no fim da tarde. Temos informações de Belo Jardim e Bezerros, de que a água continua subindo. A previsão para Gravatá também é de que suba. Muitas famílias estão desabrigadas, cerca de 30. Um adolescente pulou de uma ponte e está desaparecido. Não tinha condições de promover uma festa nessas condições. O nível de água continua subindo paulatinamente. Em hora nenhuma, durante todo o dia, a situação melhorou", disse o prefeito de Gravatá, Ozano Brito Valença. Ainda não há previsão de quando a abertura do São João deva acontecer.ALTINHOEm Altinho, no Agreste, foi o nível do rio Una que subiu e invadiu as casas. Um campinho de futebol ficou completamente submerso e árvores caíram. A situação mais grave se vê no bairro de Vila Nova, onde as pessoas tentam salvar os móveis e pertences de qualquer maneira, carregando na cabeça, em carroças ou em carros de boi.As famílias desabrigadas estão sendo levadas para abrigos improvisados, alguns deles montados em escolas municipais. "É uma situação difícil, só quem sabe é quem está passando por ela", diz a agricultora Maria Santos. A dona de casa Maria das Graças completa: "A gente luta tanto para conseguir as coisas e perde tudo, tudo mesmo", lamenta.CACHOEIRINHAEm Cachoeirinha, no Agreste, o Rio Una está três metros acima do nível normal e a água invadiu várias casas. As pessoas tiveram dificuldade para sair.BR-232O Corpo de Bombeiros registrou alagamento em quinze cidades do Agreste Pernambucano. A situação é crítica também na BR-232, entre Gravatá e Caruaru, onde houve registros de quatro acidentes. DOAÇÕESO Comando da Polícia Militar informou que um posto de arrecadação de donativos destinados às vítimas das chuvas no Estado está instalado na quadra em frente ao Quartel do Comando Geral, no Derby. As prioridades são para alimentos não perecíveis e água mineral. O horário de entrega é das 9h às 17h. BALANÇO CODECIPE A Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) divulgou no início da noite desta sexta-feira (18) o balanço das ocorrências registradas no período das 6h30 às 17h30. Os maiores índices pluviométricos registrados foram: 155 mm em vitória de Santo Antão; 148 mm em Olinda e Recife; 125 mm em Paulista e 111 mm em Jaboatão. Até agora 45 municípios foram afetados. No total são 6.889 desabrigados e 5.853 desalojados.

(pe360graus.com)