Irmãos Lira eram os principais suspeitos da morte de duas jovens em 2003.
Depois de quase 14 horas do quinto dia de julgamento, os irmãos Marcelo e Valfrido Lira foram absolvidos, no início da madrugada deste sábado (4), das acusações de assassinato e tentativa de estupro das adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, em Serrambi, Pernambuco, em 2003.Por quatro votos a três, os sete jurados decidiram pela absolvição dos acusados, em decisão que causou reações diversas em frente ao fórum de Ipojuca, a 43 km de Recife, onde a sessão foi realizada.A juíza Andreia Calado deu a sentença nos primeiros minutos deste sábado. O resultado coloca os dois irmãos, envolvidos em um dos casos mais polêmicos da década em Pernambuco e presos desde janeiro de 2008, em liberdade.A promotoria, responsável pela acusação, teria dez dias para recorrer, mas já avisou que entrou com dois recursos: um de apelação da sentença e outro de anulação do julgamento.O promotor Ricardo Lapenda disse na saída do fórum que “os jurados manifestaram uma decisão contrária às provas.
Na saída dos inocentados, pessoas gritaram em apoio e houve muita confusão. Nem mesmo a fina chuva que caia na cidade afastou os populares do fórum local. Emocionados, os irmãos comentaram, em poucas palavras, o resultado do julgamento.Para Marcelo, "a justiça foi feita". Valfrido, por sua vez, disse que "a verdade chegou".
Julgamento tensoO quinto dia de julgamento começou com uma hora de atraso, por volta das 10h30 desta sexta-feira (3). A sessão foi marcada pelo debate entre acusação e defesa, já que os irmãos já haviam prestado depoimento no fórum na última quinta (2). A promotoria teve três horas para argumentar sobre as evidências que colocariam os réus como autores e culpados pelos crimes. O mesmo tempo foi dado à defesa dos acusados.Confira também* Juíza dá bronca em advogado e promotor* Caso Serrambi: bate-boca para julgamento* Delegado testemunha no caso SerrambiCom a decisão judicial, os irmãos Lira estão livres, pelo menos até um novo julgamento, se for o caso. A família dos acusados comemorou com muitos populares que esperavam do lado de fora. Já os familiares das vítimas deixaram o fórum atônitos com a decisão e ainda foram vaiados por parte da multidão que acompanhava o julgamento.
Entenda o casoNo dia 2 de maio de 2003, as adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, de 16 anos, passavam um final de semana na casa de amigos na praia de Serrambi, próximo a Porto de Galinhas, em Pernambuco, quando desapareceram após um passeio de lancha.Dez dias depois, os corpos das duas garotas foram encontrados pelo pai de Tarsila em um canavial na cidade de Ipojuca.Após investigações, a polícia indicou os irmãos Marcelo e Valfrido Lira como principais suspeitos do crime. O depoimento de uma testemunha que afirmou ter visto as duas adolescentes subirem em uma Kombi verde, em 3 de maio, foi decisivo para a polícia chegar aos suspeitos de praticarem o crime. O veículo pertencia aos irmãos Lira.O caso gerou comoção popular na época, mas o promotor que aceitou a denúncia da polícia decidiu arquivá-lo em junho de 2003 por considerar que as provas eram inconclusivas.A decisão gerou troca de farpas entre a promotoria e a Polícia Civil pernambucana, além do aparecimento de outras versões para o crime.
Em novembro do ano passado, uma juíza da comarca de Ipojuca autorizou a realização de novos exames no material colhido à época das investigações sobre o crime. Desta vez, os trabalhos foram realizados por peritos de fora de Pernambuco.O julgamento dos irmãos Lira estava marcado para maio deste ano, mas foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, que pediu tempo para analisar o pedido de transferência do julgamento do caso para Recife.Após a negação do pedido – o julgamento por júri popular foi mantido em Ipojuca –, foi marcada uma nova data, desta vez para última segunda-feira.
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