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terça-feira, 29 de junho de 2010

A CASA.











(baseada em relato de Emerson, um pernambucano que hoje mora na Alemanha)





A casa alugada situava-se em Olinda. Era grande, com duas salas, quarto, banheiro e cozinha no térreo. Havia duas garagens, uma de cada lado da moradia, servindo ao mesmo tempo de entrada e terraço. O quintal era pequeno. Havia também uma quitinete de primeiro andar nos fundos.
“Ao fazer o reconhecimento da casa alugada por meu pai, atravessando um dos corredores, me deparei com uma figura grande, de vestido longo, azul claro, com flores vermelhas e amarelas nas bordas. Era a figura de uma mulher e estava deitada no chão do futuro quarto de meus pais, olhando para mim por baixo de seu levemente transparente véu, que se sobressaía entre a escuridão do quarto e a luz da rua. E saí depressa.
Ao passar da meia-noite fui acordado por minha tia que me perguntou sobre um tal barulho. Meus pais estavam na Alemanha, e a responsabilidade caiu nas minhas costas. Seria alguém tentando entrar pela porta dos fundos? Ouvíamos panelas e pratos, portas e água, que pareciam vir da cozinha. Passos na escada e um som como se alguém usando um anel grosso estivesse batendo a mão contra o corrimão, enquanto subia em nossa direção. Aos poucos o barulho foi desaparecendo, sem qualquer explicação.
O fato citado tornou a ocorrer diversas vezes, por vários meses. E numa noite, a pior de todas as experiências... Abriu-se a porta de meu quarto! Não tive coragem de olhar para trás. Congelei. Ouvia passos e, de repente o som de alguém dando corda no meu despertador. Os passos se aproximaram e o despertador tocou em meu ouvido, me fazendo dar um pulo da cama. Olhei de uma vez ao redor. Nada havia. De repente, lá estava ele: todo de preto e com quase dois metros de altura. Estava atrás de meu birô, no centro do quarto, e não se via seu rosto, apenas a sua forma sinistra como uma estátua na escuridão. Deu dois passos à frente e sumiu como uma fumaça.
Os vizinhos afirmaram que lá morou o pai do proprietário. Era costume dele andar pelos corredores da casa, subindo e descendo as escadas. Era um ex-padre, mas parecia um maluco. E foi exatamente lá que faleceu.”

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