Quinze dias após a chuva que desencadeou uma série de enchentes em cidades de Pernambuco e Alagoas, os moradores ainda tentam retomar a rotina. Logo depois da tragédia, o G1 percorreu cerca de mil quilômetros entre as cidades de Branquinha, Rio Largo, Murici e União dos Palmares; em Alagoas; e por São Benedito do Sul, Jaqueira e Palmares; em Pernambuco.
A destruição provocada pela cheia do Rio Mundaú provocou uma mancha de lama na orla de Maceió, provocada pela enxurrada vinda das cidades alagadas. Autoridades locais tentam recuperar os arquivos de bibliotecas, de cartórios, dos fóruns e de outros órgãos públicos, além de fichas médicas dos moradores. Em algumas cidades, as correspondências não chegam aos destinos.
Em Branquinha, uma das cidades alagoanas mais atingidas pela cheia do Rio Mundaú, crianças atravessaram o leito do rio com outras crianças nos ombros. Moradores que perderam suas casas improvisaram um novo endereço dentro de um ônibus escolar e outros fazem fila para receber donativos.
Os funcionários da prefeitura, cujo prédio não existe mais, estão fazendo o cadastro das vítimas, pois não restou um documento público. Todos os prédios da administração municipal foram destruídos.
Ainda em Alagoas, a cidade de Murici foi devastada pela força da água, formando uma verdadeira clareira na parte mais baixa do município. A linha de trem que corta a cidade ficou coberta pelos destroços dos imóveis destruídos.
Em Rio Largo, a devastação provocada pela chuva derrubou o muro de uma barragem na cidade e a enchente cobriu todas as casas construídas na parte baixa da cidade, mais próxima do Rio Mundaú.Em União dos Palmares, uma comunidade quilombola ficou isolada pela enchente e foi salva por duas jaqueiras, que foram usadas por cerca de 60 pessoas enquanto a água subia e atingia mais de dois metros de altura.
Em Pernambuco, moradores da cidade de São Benedito do Sul passaram a usar a madeira das casas destruídas para fazer fogo e poder cozinhar, já que o preço do botijão de gás subiu muito na região. Muitas casas foram destruídas pela cheia do Rio Pirangi.Em Jaqueira, casas ficaram cobertas de lama, algumas caíram no leito do rio uma e até uma escola foi totalmente coberta pela água suja da enxurrada.
A cidade de Palmares chamou a atenção pela destruição provocada pela chuva. Praticamente ilhados, os moradores ainda foram vítimas de uma segunda enchente após nova chuva, ocorrida na semana passada, que deixou a região central alagada mais uma vez.BALANÇODesde o último dia 17 Dde junho, as fortes chuvas afetaram mais de 67 municípios pernambucanos. Deste total, 12 cidades permanecem em estado de calamidade pública, dado que foi alterado com a inclusão das cidades de Primavera, Catende e Maraial através de decreto publicado no Diário Oficial do último dia 27. A região mais castiga foi a Mata Sul do Estado, da qual 27 municípios estão em situação de emergência. O número de óbitos em decorrência das chuvas permanece inalterado depois do registro, no dia 28 de junho, da morte de uma criança vítima de deslizamento de barreira na Linha do Tiro, Recife. Segundo levantamento feito na Operação Reconstrução, a Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) lista ainda 26.966 pessoas desabrigadas e 55.643 desalojadas em todo Estado. Até agora 87 abrigos foram catalogados, abrigando 17.158 pessoas. Alguns equipamentos públicos também foram danificados pela força das águas, entre eles 22 postos de saúde, 50 escolas e seis academias da cidade, serviços que os gestores de defesa civil e as respectivas secretarias já estão colocando dentro da normalidade. Cerca de 4.478 quilômetros de estradas também ficaram comprometidos, assim como 142 pontes. Mais de 14 mil habitações foram afetadas, ou seja, danificadas ou totalmente destruídas.
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