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sábado, 4 de dezembro de 2010

Mitos naturais e mitos fabricados.

A palavra mito vem do grego mythos, que significa história que se conta. Há inúmeras definições em diversos campos do conhecimento, contradições e interpretações. De uma maneira enxuta diríamos ser uma fantasia, uma carnavalização. É uma grande metáfora, revelando muita coisa, mas dizendo pouco. Emmanuel Kant (1724–804) diz que “o ideal é mais real do que o real”. E no discurso do mito as narrativas não surgem do nada, mas muitas vezes se apoderam da “mentira” para criar a verdade absoluta dos “deuses”. Roland Barthes (1915–1980) afirma que o real mesmo pode desaparecer se retirarmos dele o mito que o protege.
No Paraíso Perdido, de John Milton (1608-1674), uma epopeia que recria o conflito entre Lúcifer e Deus, não é Adão, mas Eva que comete o pecado (corrompe) original, desobedecendo a Deus. E no poema épico, Deus passa a ser culpado e Lúcifer o certo. Na sociedade na qual vivemos, a corrupção está intimamente relacionada ao “jeitinho” brasileiro. Uma “verdade”, uma prática que se inicia no começo da vida social e política de alguns, e vai até o final de todos os mandatos. E quando surge a polêmica, então aparece aquela história de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Na indecisão, cria-se o mito que nem foi o ovo e nem foi a galinha, porque ninguém viu nada. É uma história pra boi dormir. Já dizia o escritor Hermann Hesse (1877-1962), “quem quiser nascer tem que destruir um mundo”.
E na política nos habituamos com fatos de grande repercussão, de escândalos, de investigações, cujos finais são na sua quase totalidade concluídos como mentiras, utopias. E talvez o ocorrido tenha servido de propaganda para a fabricação do injustiçado, do bom moço, do heroi. Sobre os mitos não há testemunhos. E os herois são homens extraordinários, que podem ver tudo e quando querem não veem nada. São superpoderosos. Há grandes palácios e jardins. Lá têm palmeiras onde cantam os sabiás, e também o ninho da Justiça para os protegerem. Um vou-me-emborismo de Pasárgada, “lá sou amigo do rei/lá tenho a mulher que eu quero...”, nas palavras poéticas de Manuel Bandeira (1886-1968). A poesia que já era um mito e virou uma verdade.
Uma das formas que podemos “ler” o mito é através de um símbolo. Exemplo: Elvis: símbolo do Rock’n’roll. Mito: Elvis não morreu. Há uma discursividade entre vida e morte. Isto é bom. É o mito do bem. Mas quando se diz que Elvis foi um mau exemplo para a juventude da época, por causa do seu estilo inusitado, incorpora-se a ideia maniqueísta de que o “novo” faz parte do mal e o “costumeiro”, o “normal” faz parte do bem. Quando se diz que antes do rock “tudo era natural” se está opondo natural a cultural, e cultural como sendo parte do mal. Isto é ruim, uma grande mentira. É o mito do mal.
O pensamento maniqueísta se reduz ao monólogo. Não há troca de ideias, interculturalidade e nem intertextualidade. Vivemos num mundo globalizado no qual é necessário situação e oposição. A democracia, a cidadania e a política são voltados para o bem comum. Como diz Nietzsche (1844-1900), “aquilo que se faz por amor, sempre se faz além dos limites do bem e do mal”. Neste caso temos o verdadeiro mito.
Os mitos, assim, são um eterno conflito entre verdades e mentiras. Uma mentira, que tem um fundo de verdade ou uma verdade tida como mentira. Elvis não morreu.

Professor de Literatura Brasileira e Inglesa

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