BRASÍLIA (AE) - Numa operação comandada diretamente pelo Palácio do Planalto, o governo mobilizou sua tropa de choque na Câmara para impedir a aprovação no plenário da Casa do requerimento de convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci (PT). A estratégia contou com manobras regimentais que imobilizaram a oposição e até mesmo a escalação de “leões de chácara” para impedir que deputados do DEM e PSDB se reunissem de surpresa nas comissões e também votassem pela convocação do ministro. O tratoraço foi bem sucedido: por 266 votos contrários, 72 a favor e oito abstenções, o governo engavetou a convocação do ministro para explicar o aumento de seu patrimônio no plenário da Câmara. Os partidos governistas votaram em peso contra a convocação.
As articulações para evitar que Palocci fosse à Câmara se explicar começaram na noite da última terça-feira, e tiveram como principal executor da tarefa o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Depois de reunir-se com os líderes aliados, Vaccarezza orientou para que nenhum das 16 comissões permanentes da Câmara funcionasse ontem pela manhã. A ordem foi clara: as comissões não deveriam ter quorum. Para evitar qualquer surpresa, os plenários das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização e Controle foram fechados. Na Finanças e Tributação, um grupo de seguranças impedia a entrada dos parlamentares na sala da comissão.
Irritado, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), bateu boca com os seguranças que, além de não deixarem ele entrar, impediram-no de afixar cartazes com a inscrição “blindagem do Palocci” nos corredores da Câmara. “A Polícia Legislativa não pode se tornar tropa de choque do governo. Não pode desrespeitar o direito de livre manifestação”, protestou. Ele afirmou que pretende representar contra a Polícia Legislativa na Mesa da Câmara. Bueno e outros líderes oposicionistas lotaram o plenário da Comissão de Agricultura, e apresentaram um requerimento. Além disso, cartazes com “blindagem do Palocci” foram, então, espalhados pelo colegiado.
CONSULTORIA
A Projeto, de propriedade de Palocci, contratou a empresa de comunicação FSB para ajudá-lo a reverter a crise. O objetivo é separar as questões que tem a ver com o ministro ou com a empresa. O que tiver a ver com o ministro, Palocci responde. O que tem a ver com a empresa, a FSB responde.
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